Simpatizantes e adversários da liberalização das leis imigratórias bateram boca com seus megafones na segunda-feira (4) durante uma manifestação em Phoenix.
Cerca de mil defensores de um projeto de reforma que tramita no Senado se reuniram em frente à Assembléia do Arizona, gritando “Somos a América” e agitando bandeiras dos EUA para manifestarem apoio à proposta que abre caminho para a legalização de milhões de imigrantes clandestinos.
Mas eles encontraram vários adversários da medida, que agitavam placas pedindo às autoridades que “parem a invasão criminosa estrangeira” e “dêem segurança à fronteira.” Eles fizeram gestos agressivos aos manifestantes adversários e tentaram impedir que seus oradores falassem.
“Essas pessoas são estrangeiros ilegais. Precisam ser encarcerados, multados e mandados para casa”, disse a ativista Carol Hands.
A polícia da Assembléia assistiu a tudo sem intervir. Não houve violência física nem prisões.
O projeto aprovado no Senado, com apoio da Casa Branca, cria um programa de trabalho temporário que abre caminho para a legalização de muitos dos cerca de 12 milhões de imigrantes clandestinos nos EUA, a maioria do México.
Já o projeto que passou na Câmara se concentra mais na segurança da fronteira e torna crime a imigração ilegal.
Cardeal pede fim do impasse
A manifestação de Phoenix foi uma das várias ocorridas no fim de semana prolongado do Dia do Trabalho nos EUA. Na terça-feira(5), o Congresso voltou do recesso de verão e agora terá de fundir os dois projetos em um só. A pressão da campanha para a eleição parlamentar de novembro, porém, pode impedir qualquer decisão, uma vez que o assunto divide o eleitorado.
Em sua homilia na missa do Dia do Trabalho, o arcebispo de Los Angeles, cardeal Roger Mahony, criticou os parlamentares por não conseguirem fazer a reforma. “Digo aos membros do Congresso: vocês não têm o direito nem podem se dar ao luxo de deixar quatro semanas se passarem e se recusarem a lidar com a reforma da imigração”, afirmou.
Mahony se tornou um dos principais defensores dos imigrantes ilegais nos EUA. Ele disse na segunda-feira(4) que enviou cartas ao presidente George W. Bush e a líderes parlamentares pedindo empenho para superar o impasse.
Esse também era o apelo dos manifestantes pró-imigração em Phoenix. “Amamos este país, e queremos um acordo melhor”, disse o pedreiro mexicano José Avardo, 30, que foi ao evento com a mulher e os dois filhos. “Queremos que Bush nos veja e nos tire das sombras.”
A atual onda de manifestações começou com uma marcha em Chicago. Os protestos não atraíram a mesma multidão vista em 1°. de maio, quando os manifestantes encheram as ruas de cidades da Nova Inglaterra à Califórnia.
Na quinta-feira(7), os organizadores esperavam atrair 1 milhão de pessoas de todo o leste dos EUA para uma manifestação em Washington, mas o número foi bem inferior.