Simone Raguzo e Marisa Arruda Barbosa
Para Mickey Grosman, de 64 anos, a palavra “sobreviver” sempre foi significado de aventura. Quando ainda vivia em Israel, seu país de origem, fazia parte do exército, e deu cursos de treinamentos de sobrevivência na selva e em situações extremas. Quando se mudou para a Flórida, há mais de 20 anos, Mickey nunca parou de treinar, e há mais ou menos dez anos, começou a reunir grupos, de no máximo 12 pessoas, e a dar cursos de como sobreviver na floresta amazônica. Em 2010, no entanto, Mickey foi diagnosticado com câncer de pele (melanoma), em seu estágio mais avançado. Foi então que o sentido da palavra “sobreviver” sofreu uma grande mudança em seu conceito.
“Ninguém espera ouvir que tem câncer. É um momento devastador, cheio de medo e seguido por uma enxurrada de emoções, momentos ruins e sem esperança”, disse Mickey. “O médico disse que eu tinha que fazer uma cirurgia para retirar o câncer, mas caso meu organismo não reagisse, poderia se espalhar pelo meu corpo e eu poderia ter somente 90 dias de vida”.
Felizmente, talvez por ter um bom sistema imunológico, devido a treinos intensos, Mickey conseguiu se livrar do câncer.
A experiência de lutar contra o câncer e vencê-lo serviu de incentivo ao israelense, que vive em Orlando, para percorrer cinco mil milhas em prol da conscientização e dar esperança a outros doentes com câncer. “Eu vi o que é a dor e desespero nos rostos dos outros pacientes, desde crianças, adolescentes, adultos, aos mais idosos”, disse.
Por isso, escolheu fazer algo significativo para incentivar pacientes na mesma situação a continuar a sua luta, apesar dos obstáculos. Ele pretende sobreviver na selva e mostrar a pacientes que, assim como ele, outros também têm que ter esperança para vencer. “Estou indo ao extremo para lutar contra esta doença”, disse.
Amazon 5000 - For the Cure
Foi assim que Mickey fundou a Amazon 5000 – For the Cure (amazon5000.com), uma organização sem fins lucrativos, que busca exclusivamente promover a conscientização para a luta contra o câncer e angariar fundos para entidades de pesquisas na área. Uma das beneficiadas será Moffitt Cancer Center Research, em Tampa, onde Mickey fez o tratamento, bem como organizações de combate a essa doença.
A rota de cinco mil milhas terá um sabor histórico. Mickey vai atravessar a América do Sul, de costa a costa - do Pacífico ao Atlântico -, passando pelos Andes e descendo o rio Amazonas até a sua foz atlântica, sem deixar de pasar pelo lendário El-Dorado 1541 Voyage, por onde passou o espanhol Francisco de Orellana, que foi quem descobriu a Amazônia e a nomeou. Mickey percorrerá de uma cidade no Equador, na costa do Pacífico, cruzará o norte do Peru, um trecho da Colômbia, e atravessará a Amazônia brasileira, até o Pará, e seguirá pela costa até Natal, no Rio Grande do Norte.
Mickey está ciente de alguns dos desafios, enquanto outros são imprevisíveis, já que parte do território nunca foi explorado, e mesmo Orellana não conseguiu atravessar.
O trecho mais difícil será a travessia da Cordilheira dos Andes. Mickey esteve no local para se preparar, e disse que levou dez dias para que atravessasse 20 milhas, a 10 mil pés de altitude. Ele calcula que demorará cerca de dois meses nessa parte.
Mickey começará a expedição em maio e, no momento, está visitando pacientes em hospitais e encorajando pessoas, através de apresentações, a ficarem em contato com ele durante a viagem, já que levará equipamento de filmagem e terá acesso à internet via satélite. Será feito também um documentário do início ao fim da expedição, que durará cerca de um ano.
Mickey pretende, através de sua aventura, atrair uma grande quantidade de seguidores, - e doadores, que podem contribuir através do website da fundação. Todo o dinheiro arrecadado ao longo da viagem será revertido a grupos de pesquisas, hospitais, pacientes e familiares.

