A prevalência de infecções provocadas pelo Staphylococcus aureus resistente aos antibióticos (MRSA), das quais quase 20% são mortais, é mais elevada nos Estados Unidos do que se pensava, revela um estudo publicado na terça-feira(23) pelo Journal of the American Medical Association (JAMA).
A bactéria poderá causar mais mortes que o HIV, segundo um estudo dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças). Até agora, os especialistas estimam que já foram registradas 94 mil infecções graves, por ano, e quase 19 mil mortes, em todo o País.
Elizabeth Bancroft, epidemiologista do Departamento de Saúde Pública de Los Angeles, afirma que, se todas as infecções estiverem vinculadas ao Staphylococcus aureus, o total superaria as mortes provocadas pelo vírus da Aids que, em 2005, matou 17.011 pessoas.
A maioria destas infecções acontece em ambientes hospitalares e atinge, principalmente, as pessoas com mais de 65 anos, revela a pesquisa divulgada pelo JAMA. Elas costumam afetar, principalmente, a pele, mas também podem atingir outros órgãos.
Analisando 8.987 casos de infecção por MRSA e 1.598 mortes por estas infecções em 2005 nos Estados Unidos, os autores do estudo fizeram uma projeção e consideraram que houve, durante este período, 94.360 casos de MRSA em todo o País, que teriam provocado 18.650 mortes.
O estudo permite avaliar a amplitude deste problema, para preveni-lo e controlá-lo, disse a médica Monina Klevens, do Centro federal de controle e prevenção das doenças (CDC), a principal autora da pesquisa.
Segundo o estudo, a incidência de infecções por MRSA, também chamada de “superbactéria”, foi de 31,8 para cada 100.000 pessoas, em 2005, nos Estados Unidos. Os maiores de 65 anos tiveram a taxa mais elevada (127,7 a cada 100.000).
Esta taxa foi superior em 2005 à incidência combinada das infecções pneumocócicas (14,1 a cada 100.000), que incluem as pneumonias, meningites, otites, sinusites e bronquites, e às provocadas por estreptococos A (3,6 a cada 100.000), responsáveis, entre outros, pelas anginas, escarlatinas, reumatismos articulares agudos, infecções cutâneas e endocardites, destacou num editorial a médica Elizabeth Bancroft, dos serviços de saúde pública de Los Angeles, na Califórnia.
O número de mortos por infecções provocadas pelo MRSA (18.650) também é superior ao total de vítimas de Aids nos Estados Unidos, em 2005, observou a médica.
Outro estudo publicado pelo JAMA também indica que um novo tipo de estreptococo que pode causar infecções nos ouvidos das crianças mostra sinais de resistência a todos os antibióticos autorizados pela Agência americana dos medicamentos (FDA).
Tratamento
A infecção por Staphylococcus aureus, em geral, pode ser resolvida rapidamente com certos tipos de antibióticos. Mas, em alguns casos, o micróbio entra nos pulmões, provocando pneumonia, ou se estende aos ossos, órgãos vitais e ao sangue, complicações que ameaçam a vida dos pacientes.
A FDA autorizou a Dade Behring Inc., que produz instrumentos para diagnósticos clínicos, a comercializar os testes para uma rápida identificação de bactérias Gram+ resistentes a antibióticos. A agência norte-americana aprovou o produto MicroScan Synergies Plus Gram Positivo que identifica bactérias em duas horas, e fornece resultados, no próprio dia, para estirpes que causam graves ameaças para a saúde nos hospitais.
O novo teste da Dade Behring pode detectar alguns dos mais perigosos germes resistentes a fármacos, tais como os Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA). O teste também detecta staphylococcus aureus resistentes à vancomicina (VRSA), e enterococcus resistentes à vancomicina (VRE). A resistência aos antibióticos prolonga a doença nos pacientes e coloca-os num grande risco de morrer.
Segundo o “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC), dos Estados Unidos, a resistência aos antibióticos é uma das situações mais preocupantes da saúde pública. Segundo estatísticas, em 1971, existiam apenas 2% de pessoas com MRSA, aumentando para 22 por cento em 1995, e para 63 por cento em 2004. A utilização excessiva da vancomicina está provocando resistência por parte dos estafilococos e dos enterococos. As infecções por bactérias resistentes aos medicamentos adoecem 2 milhões de pessoas por ano, e têm custos de $20 bilhões para o tratamento em nível nacional, segundo o CDC.

