O aclamado drama escrito e dirigido por Guillermo Del Toro, The Shape of Water, é um daqueles filmes que quanto mais você tenta decifrá-lo mais você aprecia e entende. Mesmo você estando diante de uma história quase impossível de acreditar, fatos para digerir, mas Guillermo faz de uma maneira genial e inteligente. Ele adora brincar com o surreal e o real, com o extraordinário e o ordinário, se atreve a misturar os gêneros, a deixar em segundo plano a história do herói e transformando as personagens, que possuem uma complexidade profunda, possuir seus próprios argumentos e importância durante o longa. Ele não tem medo de fundir um subtexto político. É um filme com algo importante a dizer sobre a década de 60, período em que todos os problemas que essas personagens enfrentavam, criando uma revolução que ajudou a transformar o mundo em que vivemos hoje.
The Shape of Water, acontece na década de 60, em meio aos grandes conflitos políticos e bélicos e grandes transformações sociais ocorridas nos Estados Unidos, a muda Elisa, faxineira em um laboratório experimental secreto do governo, conhece e se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa no local. Para elaborar um arriscado plano de fuga ela recorre ao seu vizinho e à colega de trabalho Zelda, interpretada por Octavia Spencer.
O filme fala sobre misoginia, segregação, deficiência, sexualidade e homossexualidade. Fala sobre a condição humana e as forças que movem as pessoas e as transformam; poder, ganância, liberdade, paixão, criatividade, e claro, amor. Os riscos são altos e são reais. Mas a vida é assim, onde passamos por questões fortes todos os dias, mas vivemos, tentamos supercar e prosperar. Como a vida é muito complexa, esse longa não é somente uma história de herói, nem uma história boa ou ruim.
The Shape of Water é sobre o amor, de que parece ser impossível. Uma nova geração de complexidade romântica como as que todos enfrentamos neste período, onde o mundo é mais aberto e globalizado e novas formas de conexão continuam evoluindo.
Esta é uma história de amor romântica e madura com um final feliz. Além de Octavia Spencer que interpreta a colega de trabalho de Elisa, papel de Sally Hawkins, estão no elenco Richard Jenkins, como o vizinho gay reprimido, Michael Stuhlbarg, como o cientista russo, Michael Shannon, como o misógeno e abusive Coronel da NASA, e Doug Jones, como o homem anfíbio.
Durante as entrevistas tipo mesa redonda algumas semanas atrás, Octavia Spencer falando sobre sua personagem, Zelda, uma empregada doméstica que trabalha na NASA e ela disse brincando que ela já interpretou uma em The Help de 2011 e também uma funcionária da NASA em Hidden Figures de 2016, e agora é uma criada que trabalha na NASA.
Perguntamos o que a levou fazera esse filme e ela disse: "eu me apaixonei pela história de amor, porque eu sou muito romântica, mas também amei as implicações políticas, porque você sabe, ele tem duas personagens principais que não falam. E ele (o director) escolheu uma mulher afro-americana que faz parte do mundo invisível das pessoas e um homem gay reprimido. E durante a década de 60, eram os dois dos grupos mais marginalizados. Então eu me apaixonei a partir daí. […] como se houvesse um companheiro perfeito no mundo para todos. É foi por isso que me apaixonei."
Quando perguntamos a ela sobre como se sentia em atuar com uma personagem muda, ela comentou: "Bem, na verdade, foi bem normal para mim, porque eu tenho um irmão que é mudo mas ele nunca quis que eu e meus irmãos aprendessem a linguagem dos sinais porque ele queria que nós conversássemos com ele e então ele lia nossos lábios e se ele não entendesse ele apontava e nós escreveríamos para ele."
E continuou: "mas , como atriz, que é disléxica e quem precisa das marcações vocais ou de áudio de outras pessoas para aprender minhas linhas, foi interessante; em todas as minhas cenas com Sally, eles eram apenas monólogos e às vezes, você sabe, se eles eram sobre Brewster, então eu sabia do que se tratavam... Era realmente difícil aprender essas cenas, honestamente porque você também precisava aprender a fazer isso limpando, e todos o nossos diálogos eram no ambiente de trabalho.
Então, quando eu aprendi as linhas, você precisa sentar então você aprende a falar assim e sentar. E eu tive que aprender a falar dobrando roupas, varrendo, passando o mop, fazendo tudo que ue fazia na história. Foi realmente interessante, então eu tive que mudar minha técnica para este filme. Fico feliz em voltar para o outro lado agora."
E quando perguntado sobre como as personagens se tornaram a voz para essa empregada muda, ela disse: "eu acho que todos as personagens são uma extensão de Elisa. Ela é como se fosse uma cola e ela é diferente. É também em todo o filme, cada pessoa, cada símbolo, toda metáfora usada é sobre o amor. E ela é diferente comigo. E ela tem Giles que quando ela está em casa, ele é a sua voz, no trabalho eu sou a voz dela. Então, sim, acredito que todos somos extensões de Elisa."
The Shape of Water cria um espaço seguro para nós, para os diferentes e no final do dia eu me relaciono com os monstros mais que com o elenco disse que um dos repórteres acrescentando que nesse filme Guillermo incluiu amor e monstros em uma mesma plataforma e ela queria saber um pouco mais sobre essas duas trocas de amor e monstruosidade.
Guillermo explicou: "o que eu acho é mais do que monstruosidade, é o diferente. Você sabe que eu acho que os monstros nos filmes, quando eu era muito jovem, se tornaram figuras de reconhecimento espiritual. Por quê? Os monstros são a encarnação da imperfeição. Eles surgem e não tem a pretensão de ser perfeitos, eles não podem. Eles são tão diferentes. Então, eles não estão ansiosos pela busca da sua imperfeição. Penso que a essência do amor é conhecer e abraçar a imperfeição e a essência do medo é buscar o controle e a perfeição.
Então, você observa o o cara maligno no filme, o antagonista procura o controle total da sua esposa, das mulheres que trabalham para ele, seu ambiente, como ele é, é toda a personalidade. Ele quer o controle. Mas isso é impossível. Ninguém, ninguém é perfeito. Todo mundo é imperfeito e os monstros são uma encarnação de compaixão, compreensão e amor.
E ele continuou: "É assim que penso que trabalhamos, a maneira como nos comunicamos socialmente agora é transparente. Você sabe, acho que está permeando esse discurso de ódio, está permeando em todas as áreas. Eu quero dizer, podemos nos olhar com amor e não com medo, você sabe, podemos olhar um para o outro... Vamos olhar para a criatura ... Cada personagem olha para ela e alguns estão fugindo, pois o antagonista é uma criatura imunda que veio da América do Sul, que para o cientista é um milagre da natureza, a encarnação de tudo o que faz bem em sua ciência, para Giles é um deus do rio que lhe dá cabelo. E para Elisa é o reconhecimento da essência e da solidão de que não sentia até que o conhecer."
The Shape of Water já está em cartaz em Los Angeles e New York desde o dia 8 de dezembro. Em Tampa, estreia na próxima setxa-feria, dia 15 de dezembro. E expande para o circuito nacional, incluindo o sul da Flórida, no dia 22 de dezembro. Must see!!!! Aqui minha rápida opinião: elenco, visual e história notáveis! Um conto de fadas maduro.
Como semp re, Guillermo del Toro fez um trabalho espetacular no enredo, humanizando o monstro e adicionando uma forte liderança feminina. O desempenho de Sally excede minhas expectativas, ela está fantástica sem dizer uma única palavra. Adorei que o Guillermo adicionou referências de filmes e programas de TV dos anos 60, especialmente uma passagem com a famosa cantora Carmen Miranda.