Ninguém poderia imaginar que um dia os estúdios Disney e Pixar fariam uma continuação da animação de sucesso e ganhadora do Oscar, Finding Nemo, de 2003. Treze anos depois, ganhamos de presente a sequência Finding Dory, que estreia na próxima sexta-feira, dia 17 de junho.
Mas, Finding Dory não é exatamente o tipo de filme que estávamos esperando, principalmente para uma sequência. Eu diria que a animação possui sua própria história, e você nem precisa assistir Nemo para entender o que acontece com Dory e as outras personagens, porque os filmes são conectados, mas, ao mesmo tempo, eles são únicos. Dessa vez, vemos que Dory consegue recuperar a memória, uma vez perdida, de seus pais, e sai em uma jornada com Marlin e Nemo mar afora. Juntos, eles nadam pelo oceano Pacífico até o aquário da cidade, onde Dory reúne alguns velhos amigos e faz alguns novos também. Lembre que Dory sofre da perda de memória em curto prazo, e ela vê isso como um peso debilitante, frustrando e preocupando aqueles que estão ao seu redor. Mas seu otimismo e seu mantra “continue nadando” (keep swimming, em inglês), acaba dando o espírito que ela precisa para continuar e procurar novas formas de fazer as coisas a sua maneira.
Eu participei da coletiva de imprensa realizada na semana passada, em Los Angeles, com o diretor Andrew Stanton, a produtora Linsey Collins e alguns atores como Ellen DeGeneres, Albert Brooks, Hayden Rolence, Ed O’Neill, Ty Burrell, Eugene Levy e Kaitlin Olson, que emprestaram suas vozes para essa linda história de esperança e amizade. Confira alguns trechos da coletiva:
“Eu sempre soube que a história do filme seria sobre a aceitação dela mesma”, disse o diretor Andrew Stanton. A ideia que Stanton tinha para o filme era que “você não está em paz até o momento que você realmente aceita quem você é”.
Segundo o diretor, o filme explora as origens de Dory, os resultados de seu problema, a separação de seus pais e como ela aprende a viver sozinha. Há um pouco de autoconsciência na personagem quando ela pede desculpas para si e para os erros que ela comete, e essa é a razão do porque ela é a personagem favorita da franquia. Essa característica também ajudou a explicar as origens do perseverante mantra “continue nadando” (keep swimming, em inglês).
“Eu nunca disse isso antes, mas ‘continue nadando’ foi o mantra que nos foi ensinado no primeiro filme. O que quero dizer é que ele foi criado pessoalmente para ela. Ela não sabia que era algo que foi ensinado a ela pelo seus pais. Mas o fato de que qualquer pessoa, como Dory, pode aprender de forma diferente, e é capaz de aceitar-se pelo que é, realmente estava destinado a ser mais uma mensagem universal do que uma específica. Ninguém quer assistir a uma personagem ser uma generalização de algo. Você espera dizer algo mais universal. Eu não só estava falando de uma pessoa com deficiência, eu usei sua deficiência para representar todos”, disse Stanton.
O diretor falou também sobre como ele não gostaria que Dory fosse exclusiva ou de um grupo específico. “Eu acho maravilhoso que ela se identifica com qualquer pessoa com uma verdadeira deficiência”.
Segundo a produtora Lindsey Collins, sentiu-se que Dory precisava conceder a ela mesma essa graça que ela sente e concede a todos os outros. “Ela pede desculpas para si mesma ... e ela nunca espera que ninguém vá desculpá-la por si mesmo (...). Eu acho que é por isso que as pessoas gostam tanto da Dory, e o porquê do ‘continue nadando’ soa tão claramente, porque é genuíno. É normal! Basta perseverar! Você vai conseguir!’”.
Quanto aos traços de personalidade de Dory, Ellen DeGeneres gostaria de possuir todos eles. “Eu tento ter tantos os traços que ela tem: o otimismo, perseverança e o não-julgamento, e não ter qualquer ressentimento ou ficar com raiva. Ela também não se faz de vítima”, disse DeGeneres. “Eu acho que é por isso que eu amo todas as personagens que Andrew cria. Dory só pensa que tudo é possível e ela nunca, nem por um segundo, pensa que o que você acha está errado, e que você apenas precisa ‘continuar nadando’”.
Enquanto alguns sentem pena de Dory por sua incapacidade de lembrar das coisas, DeGeneres não acha a situação de Dory muito trágica. “Você pode olhar para ela dessa forma, mas como podemos ver no filme, o que parece ser uma deficiência é a sua força, e se transforma em ‘o que faria Dory?’”, acrescentou DeGeneres. “Então, talvez o que parece ser uma deficiência é, realmente, algo diferente e podemos dizer de uma outra maneira, ‘na verdade, isso é uma maneira diferente de pensar, e isso é uma boa maneira de pensar’. Então, eu amo essa mensagem. Algo que o que parece ser uma desvantagem, na verdade, é uma vantagem”.
Mas o melhor e mais significativo personagem desse novo filme é Hank, interpretado por Ed O’Neill, um polvo cansado e irritado que só quer ser transferido para um zoológico onde ele pode passar o resto da sua vida que se estende aos seus tentáculos em paz e solitário. Mas esse plano vai por água abaixo quando ele conhece Dory. O conjunto aparentemente incompatível não é muito diferente de Dory e Marlin em Finding Nemo, e O’Neill faz um trabalho magistral durante todo o filme na evolução desde o desprezo inicial de Hank com a situação de Dory até em algo parecido com brusco carinho. “Fiquei bem satisfeito com o resultado de Hank”, acrescentou O’Neill.
A animação dos tentáculos e a camuflagem do corpo é impressionante, um verdadeiro testamento de quanto a animação computadorizada evoluiu nesses últimos treze anos. #FindingDory #HaveYouSeenHer #KeepSwimming