O drama da tripulação do minissubmarino russo que estava preso no fundo do Oceano Pacífico terminou neste domingo com final feliz.
- Hoje houve um acontecimento muito feliz. O trabalho intensivo para libertar nosso submarino a 200 metros de profundidade trouxe resultados. Nossos camaradas da tripulação abriram sozinhos a escotilha - disse o almirante Viktor Fyodorov, comandante da Frota Russa no Pacífico.
- Eles se comportaram com coragem nestas 76 horas debaixo d'água, não ouvimos reclamações, tudo o que ouvimos é que estavam bem. Vale a pena viver por estes momentos.
O tensão dentro do minissubmarinho AS-28, uma embarcação de resgate, começou na quinta-feira passada. O veículo ficou preso quando sua hélice se enroscou em cabos de metal de uma antena de uma rede eletrônica de monitoramendo aquático que pertence à guarda costeira russa, enquanto realizava exercícios militares.
O resgate do AS-28 foi possível graças ao robô submarino britânico Scorpio, levado para o local, e que cortou os cabos que prendiam o submarino russo ao fundo.
Imagens subaquáticas transmitidas pela televisão russa mostraram pedaços de rede enroscadas ao redor do submarino de faixas vermelhas e brancas, e o Scorpio retirando a rede.
Autoridades disseram que o domingo poderia ter sido o último dia para resgatar os tripulantes do AS-28, por causa do suprimento limitado de oxigênio.
- Estávamos conscientes de que a tripulação estava ficando sem ar e que não poderíamos permitir grandes atrasos para libertá-los - disse o comandante Jonty Powis, da Marinha britânica, que é especialista em resgate de submarinos e monitorou a operação.
- Entendemos que os marinheiros estão seguros e bem, e que tinham entre 10 e 12 horas de oxigênio.
Os tripulantes foram resgatados por um navio e levados para um hospital no porto de Petropavlovsk-Kamchatsky, na costa leste da península de Kamchatka, para observação.
O acidente relembrou o caso do submarino nuclear Kursk, que ficou encalhado no fundo do Mar de Barents após duas explosões. Todos os 118 tripulantes morreram, em drama que traumatizou a Rússia. O presidente russo, Vladimir Putin, foi criticado na época por não ter cancelado suas férias para tratar do tema.
Desta vez, ele também ficou em silêncio, mas o ministro da Defesa, Sergei Ivanov, foi mandado para assumir o controle da operação, apesar de não ter chegado a Kamchatka antes do resgate.
O ministério do Exterior da Rússia agradeceu à Grã-Bretanha, aos Estados Unidos e ao Japão pela ajuda na operação.
Mas partidos de oposição prometeram levar o tema ao Parlamento, sugerindo que o governo pode não escapar das conseqüências políticas do acidente.