O jeito brincalhão e descontraído e ao mesmo tempo profissional do mineiro Ricardo Braga, de 31 anos, acaba fugindo do estereótipo de um policial integrante do SWAT Team, que geralmente tem uma postura de “durão”.
Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Braga veio para os EUA, aos 10 anos, com sua mãe e os três irmãos.
Ele cresceu em New Jersey, até que entrou no exército em 2001, mudando-se para o Texas. Braga foi para o Iraque no ano da invasão, em 2003, onde passou um ano na infantaria. Em 2004, quando foi aceito pelo BSO, se mudou para o sul da Flórida, onde tem dois filhos, de 9 e 15 anos e é casado há 10 anos. Hoje, ele é um Deputy Sheriff, trabalha em Pompano Beach e é parte do SWAT Team.
Enquanto falava com a redação do Gazeta por telefone, Braga precisou interromper a entrevista para participar de uma operação, acompanhando um K9 para a busca de um bandido que havia roubado uma bolsa.
No mesmo momento, o alerta do BSO chegou por e-mail à redação: “Policiais de Deerfield Beach, junto com K9 e a unidade de aviação, estão trabalhando em um roubo que acabou de acontecer na esquina da Hillsboro e a Federal Hwy. O suspeito roubou a bolsa da vítima. Por favor evite a área enquanto a cena está ativa”.
Meia hora depois, ele ligou novamente, dizendo que o dono de uma loja conhecia o ladrão, e a captura seria mais fácil.
Essa é a rotina de Braga, ou melhor, ‘não-rotina’, o que ele prefere. “Gosto do que faço, não gostaria de estar em um escritório o dia todo”, disse Braga. Veja sua história abaixo.
ENTREVISTA: Conheça Ricardo Braga
Gazeta Brazilian News - Ricardo, conte um pouco de sua carreira.
Ricardo Braga –
Em 2001 eu fui para o exército e em 2003 fui para o Iraque no time da infantaria, onde passei um ano. Quando estava lá brigando na infantaria, não tínhamos direito a muita coisa, como comida, somente dois litros de água por dia em um calor terrível. Não tinha conforto: dormíamos no chão. Os equipamentos pesados faziam o suor grudar na roupa.GBN - E o que chamam de estresse pós-guerra? Isso aconteceu com você?
RB -
Não. Tem gente com a mente fraca. Meu treinamento era para brigar na guerra, e fui para lá para isso. Temos que ir com a mente preparada.GBN - Você voltaria para a guerra?
RB –
Eu voltaria, mas a família é tudo na vida da gente. Em três anos no exército, só passei seis meses com a família. Na verdade, era para eu ter ficado três ou quatro meses lá, mas gostaram tanto do nosso trabalho, que acabamos ficando o ano inteiro. Foi uma boa experiência. GBN- Conte de sua carreira dentro do SWAT Team? RB – Eu entrei no SWAT Team em 2008. Apesar de isso ser um “upgrade” na carreira, meu título continua o mesmo dentro do BSO, pois é assim que funciona. Dentro do SWAT, participo das operações e faço parte do Sniper Team (atirador de elite). Para fazer parte do Sniper Team, você tem que ser mais que um bom atirador. Tem que ser excelente. A 100 metros de distância, temos que acertar um alvo de uma polegada. Tem que saber matemática, é mais do que só atirar. Você tem que saber onde a bala vai de acordo com o vento, a altitude, etc. Tudo influencia. Para fazer parte do SWAT, o candidato tem que acertar 90% das vezes; um policial, tem que acertar 70%. Já no Sniper Team, tem que acertar 100%, ou seja, ser perfeito. Somos oito pessoas dentro desse time. Ao todo, o SWAT Team conta com 36 membros, sendo que o total de vagas são 40. O processo é difícil, e só escolhemos os melhores. Se eles não mostram o que é preciso, não entram. 80% dos que tentam, não passam. Quando fiz o treinamento de três semanas, começamos com 24 pessoas e, em quatro dias, só havia eu e mais um. Ele passou comigo e trabalhamos juntos ainda hoje, mas sou o único brasileiro.GBN - Você compararia o SWAT com o BOPE do Brasil?
RB -
Aqui, nós usamos muito mais tecnologia e melhor treinamento. Tanto que o BOPE vem para cá treinar com a gente.GBN - Como é o treinamento para entrar no SWAT?
RB
- Não foi fácil. Mas o principal é você ter a mente forte para ajudar o corpo, e é isso que procuramos em novos candidatos.GBN - Como é seu treinamento diário?
RB
- Treinamos todas as quintas-feiras, por 10 horas. Eu vou à academia todos os dias, por 45 minutos. As pessoas dizem que sou diferente, pois não malho tanto quanto os outros, e faço naturalmente o que todos fazem. O Sniper Team treina 15 vezes por ano.GBN - Já teve uma situação em uma missão do SWAT de ter um brasileiro envolvido?
RB -
Até hoje não tive problemas com brasileiros através do SWAT, mas ajudo bastante em paradas de tráfego envolvendo brasileiros.GBN- E o futuro? Quais os planos?
RB -
Amo o que faço. Meus planos são de continuar fazendo exatamente a mesma coisa... Quem sabe um dia viro Sherife.SWAT Team do BSO, uma tropa de elite reconhecida nacionalmente
Parte da quinta aula do BSO Brazilian Citizen Academy, no dia 18, foi sobre o SWAT Team (Special Weapons and Tatics), uma tropa de
elite do Broward Sheriff’s Office, reconhecida como uma das mais rígidas do país. O Deputy Mike Brady, que é policial desde 93, deu uma explicação sobre o funcionamento dessa unidade especial. Geralmente, 30 candidatos começam o curso de treinamento com duração de três semanas, mas somente cerca de quatro conseguem terminar.
“Temos um treinamento para agir em segundos”, disse Braga. “Do momento em que estamos no carro, até todo o time estar nos cômodos de uma casa, demora de seis a dez segundos”.
Brady, ao lado do Deputy Ricardo Braga, fez uma demonstração das armas e todo o equipamento usado pelo SWAT. Alguns dos carros especiais blindados foram pagos pelo governo federal, Department of Homeland Security, dado o reconhecimento que o SWAT Team tem, até do governo federal.
Todos os integrantes tem que refazer o teste todos os anos e a exigência é que seja um policial há pelo menos dois anos.
O SWAT é chamado em situações de muito risco para um policial, como por exemplo, casos de criminosos que fogem armados, mandado de prisão depois de efetuada uma investigação, sequestro, e mesmo para a proteção de políticos e pessoas com altos cargos no governo, como o presidente da república.

