Terminando uma luta de seis meses para ficar no país em que cresceu e que defendeu no Afeganistão, Miguel Perez Jr., de 39 anos, um veterano detentor de green card e condenado por envolvimento com drogas, foi deportado para o México, de onde ele saiu durante a infância.
O US Immigration and Customs Enforcement confirmou no domingo que Perez foi levado para Brownsville, no Texas, onde oficiais o escoltaram até a fronteira, entregando-o a autoridades mexicanas.
Sua família disse que ele não teve a chance de se despedir de sua família, quase não tem nenhuma roupa, nem dinheiro. Ele foi deixado na cidade de Matamoros, cidade fronteiriça no estado de Tamaulipas, que o Departamento de Estado adverte americanos a não viajar por causa da alta criminalidade.
A deportação segue uma decisão anterior das autoridades de negar o pedido de cidadania de Miguel Perez por causa de uma condenação por delitos de drogas, apesar de seu serviço militar e o distúrbio de stress que ele causou (Post Traumatic Stress Disorcer, PTSD).
Perez, sua família e apoiadores, que incluem a senadora Tammy Duckworth, de Illinois, argumentam que seu serviço durante a guerra ao país lhe garantiu o direito de permanecer nos Estados Unidos e receber tratamento de saúde mental para o PTSD e abuso de substâncias ilícitas.
"No mínimo, Miguel deveria ter conseguido esgotar todas as suas opções legais antes de ser deportado”, disse Duckworth.
Perez nasceu no México e veio legalmente aos Estados Unidos aos 8 anos, quando seu pai, Miguel Pérez Sr., um jogador de futebol semi-profissional, mudou com a família para Chicago por causa de uma oferta de emprego, disse Perez à CNN anteriormente. Ele tem dois filhos nascidos nos EUA. Seus pais e uma irmã são cidadãos americanos naturalizados, e outra irmã é cidadã americana por nascimento. Perez disse que o que ele viu e experimentou no Afeganistão tirou sua vida dos trilhos, levando ao consumo pesado e a um vício em drogas e, finalmente, a sua condenação criminal.
Em 2010, ele foi condenado em Cook County, Illinois, por acusações relacionadas à entrega de mais de 2 quilos de cocaína a um oficial disfarçado. Ele foi condenado a 15 anos e seu green card foi revogado. Ele havia cumprido metade de sua sentença quando o ICE iniciou o processo de deportação.
Perez disse que ficou surpreso por estar detido no ICE e erroneamente acreditou que alistar-se no exército lhe daria automaticamente a cidadania americana, segundo seu advogado, Chris Bergin. Sua aplicação retroativa para a cidadania foi negada no início deste mês. Embora existam disposições para acelerar o processo de naturalização das tropas, uma exigência principal é que o requerente demonstre "bom caráter moral", e a condenação por drogas foi suficiente para influenciar a decisão contra sua solicitação, disse Bergin.
Perez se alistou no Exército em 2001, apenas alguns meses antes do 11 de setembro. Ele serviu no Afeganistão de outubro de 2002 a abril de 2003 e novamente de maio a outubro de 2003, segundo seu advogado. Ele foi desligado do exército em 2004 depois que ele foi pego fumando maconha na base.
Perez entrou em greve de fome no início deste ano, dizendo temer que a deportação significaria a morte. Além de não receber o tratamento de que precisa, ele disse à CNN que teme que os cartéis de drogas mexicanos tentem recrutá-lo por causa de sua experiência de combate e o matarão se ele não cooperar. Com informações da CNN e Chicago Tribune.