Shawn Labeet, de 25 anos, suspeito de ter assassinado um policial e ferido três, em Miami-Dade, na manhã de quinta-feira(13), foi morto pela polícia durante uma troca de tiros, pouco antes de meia-noite, após uma caça massiva que terminou em Broward, mobilizou policiais de diversas regiões da Flórida e contou com barricadas e armamento pesado ostensivo. A caça chegou a assustar moradores de áreas consideradas anteriormente pacatas, a exemplo de Broward.
Para muitos residentes, os crimes e a posterior presença massiva de policiais nas ruas, causaram uma sensação de vulnerabilidade e de medo. “Isso realmente faz você pensar o que irá acontecer nessa área. Isso está ficando fora de controle, muito perto de casa”, disse Tim Drufke, de 47 anos, morador de Margate onde, por diversas horas, policiais bloquearam várias ruas depois de receber a informação de que um parente de Labeet moraria na região.
Para outros, o sentimento foi de indignação. “Quantos policiais ainda terão que ser mortos até que nós comecemos a prestar atenção?”, disse John Rivera, presidente do Miami-Dade and Florida Police Benevolent Association, ao jornal Miami Herald.
O assassinato do policial Jose Somohano, de 37 anos, seguiu-se a outros 10 ocorridos no estado, desde meados de setembro, o que representa um assassinato a mais do que todos os ocorridos em todo o ano de 2006.
De acordo com o National Law Enforcement Officers Memorial Fund, 54 policiais foram assassinados ou feridos por arma de fogo este ano, em todo o país. No ano passado 34 policiais foram assassinados. Os números deste ano representam um aumento de 59% em relação ao mesmo período do ano passado.
O presidente da entidade, Craig W. Floyd, considera a situação alarmante. “Nós nunca vimos uma elevação dessas de um ano para outro; nada assim desde 1978”, disse.
Outros crimes
O policial Somohano, que trabalhava para a polícia desde 2003, tornou-se o segundo policial de Broward a ser assassinado nos últimos dois meses. Ele deixa mulher e duas crianças.
Em 10 de agosto, também morreu em serviço o policial Christopher Reyka, assassinado em Pompano Beach durante uma investigação sobre carros roubados.
Uma semana antes, o policial Maury Hernandez foi atingido com um tiro na cabeça durante uma blitz de trânsito. Ele permanece hospitalizado. Um suspeito foi preso. O assassino do policial Reyka, no entanto, até o fechamento desta edição ainda não havia sido preso.
O assassino
O prefeito de Miami-Dade, Carlos Alvarez, disse na manhã de sexta-feira(14) que a troca de tiros com o suspeito de ter assassinado o policial Somohano e de ferir outros três, aconteceu em um complexo de apartamentos que está sendo convertido em condomínio, na 305 Southwest 85th Avenue, em Pembroke Pines. Com Labeet foram encontrados, de acordo com a polícia, um carregador com munições e um colete à prova de balas.
A gerente do edifício, Joana Rivera, disse que Labeet não estava registrado como morador do condomínio, mas sim seu primo. Ela não soube informar o nome do primo de Labeet.
- Essa área, normalmente é segura, mas incidentes como esse fazem você se sentir um pouco menos seguro - disse Rivera.
A área da piscina, onde Labeet foi morto, foi interditada.
Investigações
De acordo com as investigações, Labeet abriu fogo contra os policiais, utilizando um fuzil AK-47, e fugiu em seguida. Policiais de todo o Sul da Flórida foram chamados para colaborar com as buscas ao fugitivo. Ruas e rodovias locais foram fechadas para evitar qualquer possibilidade de fuga. Os policiais pararam e vistoriaram veículos.
A polícia chegou a divulgar, erradamente o nome e a foto de um suspeito e, quase cinco horas depois, corrigiu a informação, divulgando o nome de Shawn Sherwin LaBeet, de 25 anos, como sendo o suspeito de ter feito os disparos.
De acordo com policiais de Miami Dade, a namorada de Labeet, que foi detida no local do crime e levada para a dele-gacia, “propositalmente atrasou as investigações e ofereceu informações erradas sobre Labeet, informando, inclusive, que seu nome seria outro.
Labeet já foi preso por ameaça e desordem e tinha contra ele mandado de prisão por agressão com agravantes.
Armas
Defensores do controle de venda de armas afirmam que tem se tornado mais fácil para criminosos comprar armas com alto poder de fogo, desde que expirou, há dois anos, a legislação chamada Federal Assault Weapons Ban. A lei que proibia por 10 anos a venda de armas semi-automáticas fabricadas depois de setembro de 1994 não foi renovada pelos legisladores.
Na Flórida, e em diversos outros estados, qualquer pessoa pode comprar uma arma sem ter seus antecedentes checados. Ladd Everitt, porta-voz da entidade Coalition to Stop Gun Violence, disse que mesmo a checagem de antecedentes nem sempre é suficiente, uma vez que não detecta, por exemplo, condições como doenças mentais.
Broward
Crimes vitimando policiais, naturalmente, ganham maior repercussão na imprensa e mobilizam mais fortemente as autoridades. Afinal, as corporações policiais existem com a finalidade de proteger a população, e um ataque direto a seus integrantes gera insegurança. Tais crimes, no entanto, não são os únicos a preocupar.
Nas últimas semanas em Broward, a comunidade brasileira foi alvo de, pelo menos, três crimes.
No início de setembro, a loja Brasil Original, localizada em Lighthouse Point, teve sua caixa registradora roubada depois que assaltantes quebraram a vidraça da loja para entrar. Poucas horas depois, a farmácia CVS de Pompao Beach, próxima à loja brasileira, também foi assaldata por dois homens encapuzados.
No mesmo mall, de acordo com policiais, houve três tentativas de assalto consecutivas à loja Wireless Planet, cujo proprietário também é brasileiro.
Pouco mais de uma semana antes, o Supermercado e Açougue Brasileiro, localizado em Lighthouse Point foi invadido por assaltantes que, de acordo com a polícia, pretendiam roubar a Money Express, que funciona no mesmo local. Houve também tentativa de arrombamento na loja ACC Computers, que fica ao lado.
Há pouco mais de 20 dias, marginais invadiram a casa do ex-proprietário do restaurante Feijão com Arroz, em Deerfield Beach, amarraram dois jovens que estavam na casa e fugiram sem levar nada. Eles estariam em busca de um cofre, que não foi encontrado. De acordo com informações do escritório do Xerife, em Broward, em apenas duas semanas foram registradas 22 ocorrências ligadas a roubos e arrombamentos nas regiões de Pompano Beach e Deerfield Beach.

