Com todas as pesquisas de opinião pública apontando para uma vitória dos democratas nas eleições para o Congresso, a possível retomada do controle da Casa pelo Partido Democrata em 2007 pode resultar em revés. A opinião é do cientista político da Universidade Johns Hopkins Matthew Crenson, 63.
Após uma década de maioria republicana, se vencerem agora, os democratas enfrentarão o fardo da responsabilidade sobre a Guerra do Iraque, que até hoje recaiu inteiramente sobre o presidente George W. Bush e está levando à derrocada dos republicanos nas urnas.
"A partir do momento em que controlarem parte do Congresso, os democratas vão ter de assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo. E o Partido Democrata é tão fragmentado e difuso que não estou convencido de que serão capazes de projetar uma plataforma clara de oposição ao presidente", disse Crenson.
O cientista, professor de desenvolvimento político americano, confirma a sensação de que a Guerra do Iraque é realmente o ponto que definirá o voto dos eleitores americanos em 2006. "As pessoas estão muito desencorajadas, e mesmo bravas, com o que está acontecendo no Iraque. E isso vai mesmo prejudicar os republicanos no Congresso. Parece bem provável que os democratas vão tomar o controle da Câmara dos Representantes, e um também --pouco menos talvez-- no Senado", avalia.
À sombra de Bush
Apesar disso, Crenson não vê a eleição como um "referendo" que aprovará ou reprovará o governo Bush. Ele afirma que, com a recente reorientação do presidente para uma posição mais próxima do que a opinião pública quer com relação ao Iraque, Bush deu uma saída para republicanos que querem tirar a guerra do foco das atenções, permitindo que o debate entre candidatos ao Congresso aconteça fora da sombra do presidente.
Mesmo com a insatisfação do público com a liderança republicana, o cientista diz acreditar que os democratas não oferecem uma alternativa viável à forma como os Estados Unidos vem sendo conduzidos até agora. Essa seria, aliada a uma tradicional aproximação do Partido Republicano com a direita cristã americana, os dois pontos de apoio para os candidatos do partido "salvarem" alguns votos nessas eleições.