Gastar dinheiro com consciência. Essa frase é quase uma obrigação em tempos de crise. Mas será que realmente as pessoas gastam mais do que podem? Economizar nos gastos cotidianos não deve ser necessariamente um sinônimo de renúncia ao que precisamos ou gostamos de comprar. Muitas vezes, compramos o que é realmente desnecessário e deixamos de lado
o extremamente necessário.
O segredo está em gastar com consciência, em vez de inutilmente. Além disso, levando em conta uma série de normas básicas da economia doméstica, é possível manter a saúde do bolso, cobrir as necessidades e até alguns caprichos, sem ter prejuízo com o que consumimos.
Se fizermos uma análise diária do que realmente precisamos e questões básicas como: ”Eu realmente preciso disto? Para que isso vai me servir? Posso esperar mais tempo antes de adquirí-lo? Estou pagando mais do que posso? Essa perguntas devem ser respondidas, antes de abrirmos a carteira ou utilizarmos o cartão de crédito. O maior vilão nos tempos de crise. Num estudo sobre o assunto, o assessor fiscal e tributário Juan Jimenez dá
a dica.
“Alguns pequenos gestos, dia após dia, embora pareçam pouco importantes, podem representar uma grande economia no final do ano. Realmente funcionam,
mas o segredo consiste em aplicá-los com perseverança e sistematicamente”.
Um hábito muito comum entre os americanos e que pode ajudar muito na economia dos gastos diários é a procura pela oferta. Aquelas revistas com promoções e cupons de descontos do supermercado podem e devem ser usadas, porque ali está uma economia que vai contar e muito, no fi nal do mês.
Gestos cotidianos como esse, levam a economizar uma grande soma de dinheiro que podemos destinar a uma compra prioritária ou reservar para casos de emergência. Nesta semana por exemplo, as promoções estão em quase todas as lojas. E este ano a promessa é de começar as ofertas mais cedo, no dia de Thanksgiving. Portanto faça sua lista e se prepare para acordar cedo.
No livro “O Economista Camuflado” o escritor britânico Tim Harford ensina que nestes pequenos grandes passos mora o segredo para “economizar sem sofrer nem se privar demais das coisas”. Segundo o escritor, que é também economista formado na Universidade de Oxford, a verdadeira poupança é feita na economia doméstica, nas compras e despesas de cada dia, em gestos
como apagar a luz se não formos ficar em determinado cômodo, fechar a torneira de água ou comprar o que realmente vale a pena e preferivelmente à vista, em vez de fazê-lo com cartões de crédito.
O professor também alerta para a compra por impulso. “Deve-se pensar duas
vezes, e comparar, antes de comprar, em vez de ceder ao impulso de adquirir automaticamente os produtos oferecidos”, afirma o professor.
Ensinando seu filho a poupar
Ao poupar, a criança aprende a definir gastos com a mesada. Os pais tem a responsabilidade de incentivá-lo a investir de forma a fazer esse dinheiro crescer. Ensinar o seu filho a economizar e lidar com dinheiro é apenas parte do problema. Afi nal, ele pode até concordar que vale a pena comprar um boneco mais barato, mas provavelmente porque pretende usar o dinheiro na compra de alguma outra coisa. Para poupar é preciso mais: ele precisa estar disposto a não gastar esse dinheiro. Pelo menos não imediatamente.
Se, para nós adultos, abrir mão do prazer é uma tarefa difícil, imagine para as crianças, para quem o futuro é amanhã. Abaixo, algumas dicas, que podem ajudar nesta tarefa.
☼ Dê um cofrinho ao seu filho, isso vai ajudá-lo a guardar o dinheiro, sobretudo, as moedas. Ä medida que for juntando dinheiro, seu filho consegue medir o próprio progresso.
☼ Faça um orçamento. A ideia é estimular a criança a pensar naquilo que gostaria de comprar com o dinheiro da mesada: brinquedo, jogos, revistas. Ao lado de cada item, coloque uma previsão de custo. Feito isso, some tudo e compare com o valor da mesada. Caso os gastos excedam essa quantia, questione sobre o que pretende fazer. Isso vai ajudar a criança, a alinhar seus desejos de consumo com a sua realidade financeira.
☼ Estimule-o com metas. Não há nada melhor do que um objetivo para nos incentivar a poupar. Com a criança é a mesma coisa. Ajude-a a defi nir um objetivo e se planejar para isso. O ideal é começar com uma meta de curto prazo. Afi nal, crianças têm um entendimento distinto de tempo e tendem a se desanimar se tiverem que esperar vários meses para atingir seu objetivo.
Aprender a poupar é um passo importante na formação de uma criança financeiramente responsável. Além disso, ilustra uma das principais regras de educação fi nanceira: a de que nosso padrão de vida (ou gastos) deve
ser definido pela nossa renda ou, no caso específico do seu filho, pela sua mesada. Porém, para fazer esse dinheiro crescer, seu filho também precisa dar um passo a mais e aprender a investir.
Gastar mais do que se pode
A caracterização é matéria mais psicológica do que econômica. Vivemos no mundo ocidental sob a égide do sistema capitalista, o qual precisa de crédito/dinheiro para se alimentar, assim gerando e distribuindo riquezas. Incentivos sofi sticados foram agregados aos processos de venda, penetrando na vida de cada um. Graças a tudo isto vivemos os mais ricos momentos da História da Humanidade. Mudanças de comportamento só podem ocorrer por exemplo e repetição, os quais são introduzidos em casa e na escola. Uso de ofertas e descontos são mania nacional, oriundas de tempos passados quando o capitalismo norte-americano era operado de outra forma.
É mais um jogo e hábito familiar.
Aloysio Vasconcello - presidente do Brazilian Business Group/BBG. Presidente da Westchester International Corp., Boca Raton, Fl (empresa de consultoria em fi nanças e comércio exterior).

