Eleição contará com urnas eletrônicas, mas cédulas de papel continuarão como apoio
Longas filas e demorada na contagem dos votos ameaçam prejudicar a eleição para o Congresso dos EUA marcada para 7 de novembro, quando milhões de norte-americanos vão testar as novas máquinas de votação e as novas regras referentes ao processo, dizem autoridades e especialistas da área.
O resultado pode ser uma demora para saber se os democratas vão ou não conseguir conquistar o controle sobre uma ou sobre as duas casas do Congresso, ou se o Partido Republicano, do presidente George W. Bush, conseguirá preservar sua maioria.
“Em eleições muito disputadas, poderemos levar dias ou semanas para conhecer o vencedor de uma disputa específica”, afirmou Paul DeGregorio, presidente da Comissão de Assistência Eleitoral dos EUA, criada em 2002 para supervisionar a reforma da lei eleitoral.
DeGregorio previu, no entanto, uma melhora do processo deste ano em relação aos pleitos anteriores. “Acho que os eleitores podem confiar no sistema”, afirmou.
A reforma eleitoral foi aprovada depois da disputa de 2000, quando problemas com a leitura das cédulas de votação na Flórida ajudaram a alimentar uma disputa de cinco semanas em torno da recontagem dos votos. A Suprema Corte acabou concedendo a vitória a Bush.
A lei prevê a instalação de máquinas de votação eletrônica sem abrir mão de um sistema de apoio baseado nas cédulas de papel, o registro dos eleitores segundo seus Estados e a chance de que os eleitores cujo direito de votar esteja sendo questionado possam participar do processo em caráter “provisório”.
Muitas das mudanças já valem para este ano, quando um terço dos eleitores vai usar as novas máquinas de votação, cuja confiabilidade em um pleito nacional ainda não foi testada.
Ohio, onde os eleitores do Partido Democrata (oposição) reclamaram, em 2004, das longas filas que os impediram de votar, e a Pensilvânia são dois Estados com disputas acirradas e nos quais o processo de votação deve ser acompanhado de perto.
Outros Estados que podem ser palco de polêmicas são Maryland, que teve problemas nas eleições primárias de setembro, e a Geórgia e o Missouri, onde a Justiça dispensou algumas das novas exigências para a identificação dos eleitores.
“Não conhecemos nada sobre as falhas, sobre o índice de erros”, disse o reverendo DeForest Soaries, ex-presidente da Comissão de Assistência Eleitoral.
Eleitores norte-americanos
Cerca de 172 milhões de norte-americanos registraram-se até agora para votar. Por volta de 175 milhões registraram-se para a eleição presidencial de 2004, segundo a empresa de consultoria Election Data Services.
Em alguns Estados, pode haver confusão devido às disputas na Justiça em torno das exigências sobre a identificação dos eleitores. Os eleitores cujo direito de votar está sendo contestado terão permissão para depositar votos provisórios, o que pode alimentar atrasos na apuração.
Autoridades do setor eleitoral esperam um número maior de votos enviados pelo correio por eleitores que desconfiam das novas máquinas de votação. Esse fator também pode contribuir para a demora no processo de contagem.
O governador de Maryland, por exemplo, um político republicano, tem conclamado as pessoas a enviarem seus votos pelo correio.
Há ainda uma carência de mesários treinados.
“O que se verifica é uma confluência preocupante de eventos nas eleições de agora”, afirmou Tova Wang, da Fundação Century.
“No final do dia da eleição, podemos estar mergulhados em pilhas de papel e em contagens lentas e controversas”, disse a pesquisadora.
Os atrasos podem alimentar a desconfiança em torno dos resultados, acrescentou.
O maior grupo dos EUA de defesa das liberdades civis, a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP), disse que monitoraria o processo em dez Estados.
Em um bairro de maioria negra de Columbus, Ohio, os democratas têm feito de tudo para garantir que pessoas como Melvin Steward, 72, consigam votar. Steward disse que, em 2004, ficou durante horas exposto à chuva enquanto aguardava em uma fila para votar. Ele acabou desistindo.
“No meu distrito, havia uma carência de cabines de votação. Isso me incomodou porque nunca havia perdido uma eleição antes”, afirmou Steward. Desta vez, o norte-americano inscreveu-se para votar pelo correio.“Já apresentei a papelada”, disse.