No dia 1º deste mês, uma menina de nove anos foi brutalmente agredida dentro do ônibus escolar por dois meninos, um deles de 15 anos. Dias antes, vários alunos adolescentes, a maior parte meninas, partem para agressão física na na West Broward High School em Pembroke Pines. Houve casos recentes também na Miami Beach Senior High School.
As famílias e os próprios professores vêm percebendo um aumento de discussões que terminam em agressões físicas nas escolas de ensino fundamental e médio da Flórida. Mas por quê? Quais as causas e o que tem sido feito para evitá-las?
"Acho, que eles já chegam dispostos a brigar. Às vezes, os motivos são bobos: ciúmes, xingamentos. A polícia utilizou spray de pimenta, mas parece que nem isso os paravam", disse ao Gazeta News uma mãe brasileira (não identificada a pedido) cuja filha estuda na Doctor Philips High School, em Orange County, cursando a 11° série.
Segundo ela, no dia 26 de janeiro aconteceram nove brigas na escola. "Foram duas brigas com meninas e as restantes envolvendo meninos. Pelos vídeos que vi, parece que não respeitaram os professores ou o policial que faz a ronda na escola. Os professores junto com os policiais da escola tentaram apartar a briga. A minha filha não sabe dizer se a direção chamou mais policiais. Mas, eu creio que sim porque eles ligaram pra gente falando sobre o incidente", detalhou.
No outono de 2021, a maioria das crianças do estado retornou às aulas presenciais após meses de pandemia, mas esse retorno foi marcado pelo que os educadores chamam de tendência perturbadora. Os problemas de comportamento não estão isolados em uma escola ou parte do estado, mas na maioria.
"O comportamento dos alunos está em espiral", diz a ex-professora Kiauna Sharmetta Izliah ao canal WFTV. "Vinte anos atrás, você não via tanto esses comportamentos quanto vê agora. E os comportamentos podem variar de apenas desrespeito verbal a um aluno agarrando fisicamente um professor, jogando coisas nos professores".
Saúde MentalA saúde mental de alguns alunos foi prejudicada durante a pandemia e é isso que pode estar causando o aumento de surtos de comportamento, agressões e brigas, segundo o Centro Nacional de Saúde Mental Escolar, centro de assistência técnica e treinamento com foco no avanço da pesquisa.
Professora no distrito escolar de Miami-Dade, Cristiane Martins disse que todos os professores da rede pública tiveram um workshop mandatório esse ano sobre bem-estar dos alunos. "O foco maior foi em como reconhecer depressão e inclinação ao suicídio, por exemplo".
O que dizem brasileiros que moram na Flórida
O Gazeta News ouviu mais brasileiros que têm ou não filhos nas escolas da Flórida sobre o que acham do aumento de agressão física entre alunos e o que deve ser feito para evitar. Dentre as opiniões, estão:
"Tenho ouvido vários relatos de pais desesperados com a violência dentro da escola , com o acesso fácil que os jovens estão tendo a vapes, maconha etc. Muitas vezes os jovens são agredidos dentro da escola por motivos fúteis tais como riu na hora errada, não passou cola, olhou para a namorada ou namorado de alguém", disse Naides Brum.
"Eu moro em Homestead, onde o menino agrediu a menina da terceira série. É muito triste e mais triste ainda ouvir o tio dizer que o menino não agiu errado. Aí te faz pensar em entender uma casa onde a criança não aprende valores, não tem como agir diferente", disse Raquel Braga.
"A Flórida está a ferver, querem passar uma lei de porte de armas, sem permissão, sem checar nada, ou seja, as "crianças " estão ficando como os pais, achando que podem tudo. Estamos em um momento pós-pandêmico onde muitos estão super estressados, os adolescentes viralizam a violência que está no noticiário diariamente! Triste, imagine armados então", disse uma outra brasileira.
Questionada sobre o que foi feito no momento das brigas e também se houve alguma ação das autoridades escolares depois do incidente na escola da filha no condado de Orange, a mãe (cujo nome não foi divulgado) disse que a direção anunciou pelo autofalante que não irá tolerar violência e que, se continuarem (os alunos) serão expulsos. "Não sei se os alunos que brigaram tiveram alguma conversa familiar. Houve um telefonema da OCPS dizendo sobre o incidente e que todas as medidas de segurança foram tomadas. Até agora não fui informada sobre nenhuma palestra. Não sei se os pais dos envolvidos tiveram outro tratamento", finalizou.
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