O senador Marcos do Val (Podemos-ES) deve passar por um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Congresso Nacional. O processo pode resultar em penalidades como censura e suspensão do parlamentar, que pode terminar com a perda do mandato.
Segundo o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal investigue a denúncia feita pelo senador. "O inquérito policial, claro, vai ser aberto atendendo a essa determinação [do Moraes]. As investigações sobre esta tentativa golpista estão avançando muito bem", disse Dino.
Entenda o caso
Desde a última quinta-feira, 2, foram vários recuos e reviravoltas na denúncia do senador sobre o que seria um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugerido pelo ex-deputado Daniel Silveira. Contudo, Do Val tem chamado essa “confusão” de “estratégia de contrainteligência”.
A ideia do plano de Silveira seria gravar uma declaração comprometedora do ministro Alexandre de Moraes que servisse para anular as eleições por possível parcialidade na condução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, segundo o próprio Marcos do Val, ele resolveu avisar o ministro, que disse ter pedido para ele formalizar a denúncia.
Como o senador não teria aceitado, o assunto foi então descartado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, o parlamentar disse que não teve essa orientação e pediu a saída de Moraes da relatoria do inquérito sobre as os atos violentos de invasão e depredação do dia 8 de janeiro, em Brasília.
Do Val também citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo primeiro que ele estaria totalmente envolvido e depois que só teria testemunhado a conversa com o ex-deputado. Ele deve prestar novo depoimento na Polícia Federal (PF), depois que o ministro Alexandre de Moraes determinou que o senador seja investigado pelos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.
Na semana passada, depois de divulgar as diferentes versões do caso, ela já foi ouvido como testemunha pela PF. Inclusive, após a oitiva, Do Val disse que teve o aparelho celular retido por ordem de Moraes.
Entretanto, isso se revelou mais uma contradição. O relatório da PF enviado ao STF diz que o senador entregou o celular espontaneamente. O aparelho passou por perícia e o conteúdo será descrito em um relatório da PF, também para o STF, a ser enviado nos próximos dias.
Moraes mandou a PF apurar se Do Val mentiu no depoimento. A decisão do ministro do STF ocorreu na última sexta-feira (3), em razão das diferentes versões adotadas pelo senador e a investigação tem como base: falso testemunho; denunciação caluniosa e coação no curso do processo. Fonte: Jovem Pan e UOL.
“BRASILEIRO DA SWAT” É ACUSADO DE FARSA
Em 2017, quando Do Val morava nos EUA, o Gazeta News apurou denúncias de brasileiros sobre a imagem passada por Do Val. Com milhares de seguidores nas redes sociais, ele aparecia em vídeos mostrando a rotina de treinos da SWAT, mas não era nem nunca foi um membro da organização de segurança tática dos EUA.
Para o grupo de brasileiros que alegavam que era uma farsa, Do Val se aproveitava de sua posição como instrutor na SWAT para se promover no Brasil com a venda de cursos e palestras.
Na internet, na época, imagens dele usando uniformes da SWAT, armado e ao lado de policiais americanos eram postadas por ele mesmo. No entanto, o próprio Do Val afirmou na época não ser nem policial nem membro da SWAT, mas um instrutor de técnicas de imobilizações táticas da SWAT através da companhia que fundou, CATI- International Police Training, desde 2000, e membro honorário da SWAT de Beaumont, no Texas – o que quer dizer ele recebeu o título sem precisar preencher os requisitos para o cargo.
Ao Gazeta, Do Val explicou na época que, embora seja instrutor de imobilização, por causa da relação de confiança com a SWAT de Beaumont, no Texas, tem a permissão de participar de operações sempre que possível.
O Gazeta News também buscou informações dos locais mencionados por ele sobre ser instrutor e obteve as respostas.
Leia a entrevista na íntegra aqui.
“BRASILEIRO DA SWAT” É ACUSADO DE FARSA