A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, descreveu como destruidora a presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Ela passou a noite de domingo (5) no polo base de Surucucu, que fica próximo à fronteira com a Venezuela, na parte oeste do território. Nesta segunda-feira (6), ela voltou a Boa Vista e concedeu uma entrevista coletiva para contar o que viu.
"O que está sendo noticiado ainda está longe de mostrar a realidade ali, com essa presença tão forte de garimpeiros, com uma grande destruição no território. É muito garimpo, garimpo infinito, o território está todo tomado por garimpeiros, por destruição, por contaminação na água. Os yanomami não têm como beber água, não têm água limpa para beber", afirmou.
A ministra fez sobrevoos nas regiões de Homoxi e Xitei, que são duas das áreas com maior presença de garimpeiros, e disse que não conseguiu pousar em comunidades mais isoladas por falta de segurança. Segundo ela, os garimpeiros estão concentrados nas vilas maiores como forma de proteção.
"Tentamos pousar em dois lugares e não conseguimos, por conta de insegurança. Muitos garimpeiros, ali dentro, já estão sabendo que está tendo essa determinação para retirada deles. E eles estão fugindo de garimpo menores e se concentrando em garimpos maiores, estão ficando todos juntos", afirmou.
A ministra disse que, em alguns locais, já não é mais possível "discernir o que é a comunidade indígena do que é o garimpo".
Comunidades isoladas
Segundo lideranças locais, como Júnior Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'Kuana (Codisi-YY), há cerca de 180 comunidades isoladas que até agora não conseguiram receber assistência médica nem social e não se sabe ainda o estado de saúde dessas pessoas. A estimativa é que essa população seja de aproximadamente 15 mil pessoas. São localidades que estendem até mesmo ao Amazonas, onde parte da Terra Indígena Yanomami está inserida.
"São 180 comunidades [com] prioridade, que estamos precisando atender. Essas 180 comunidades estão sem atendimento, que fazem parte também do Amazonas, principalmente Barcelos".